Parachutes é como gotas de chuva
Cada disco tem uma história, certo? Ou cada disco é trilha de uma história? Para nós, que passamos o dia escutando LPs e alimentando a vida com momentos musicais, achamos que cada disco é uma trilha de histórias.
Com o primeiro LP do Coldplay, Parachutes, não é diferente. Fica fácil voltar no tempo quando o disco começa. Principalmente se colocarmos pra tocar num domingo de chuva, como hoje. Lembra final dos anos 90, lembra Londres, lembra época de escola e os tempos áureos do Britpop.
Penando em histórias, a curiosa capa do álbum tem uma boa. Onde muitos lembram apenas de “uma bola laranja no fundo preto”, na verdade é um globo de mesa amarelo, uma luminária na verdade, em movimento. O mesmo aparece no clipe do single Shiver. O globo foi comprado em 1999 e, após o sucesso do disco, foi vendido para caridade por 12 mil dólares. A banda diz que a ideia da capa foi de último minuto.
Como sonoridade, talvez este primeiro LP do Coldplay seja tudo o que a banda nunca mais será. Difícil de entender? Certamente, afinal hoje em dia o Coldplay é sinônimo de grandes shows, hits de rádio e canções que tocam até em baladas. Muito diferente do álbum Parachutes, que apresentou um ambiente tão intimista com músicas serenas que te faziam viajar, como Don’t Panic ou We Never Change. Com um diferencial: misturar melodias simples com refrões que você nunca havia escutado antes. Caso de Yellow e Trouble, sucessos deste álbum.
Violão limpo, guitarras com timbres e efeitos respeitosos (na medida certa), pianos, baixo e vocais quase sussurrados. A fórmula sonora do Coldplay abriu os anos 2000 dando indícios de que o Britpop ainda tinha muito a render além de Oasis, The Verve e Blur.
Tudo isso ganha mais atmosfera no vinil. Em mãos, temos uma cópia do LP que traz um encarte simples, como a banda era: 4 fotos em PB mostrando ensaios e shows. Na dedicatória, citam a mãe do baterista, que faleceu no ano da gravação do álbum.
Parachutes é um daqueles álbuns para se ter ao lado de outros como Oasis, Blur, The Verve. E escutar um a um, como as gotas da chuva que não param de cair.